Pátria na prática

As coisas andam mais ou menos assim:

A festança é da "Pátria" — a conta, do povo;

O desfile é da "Pátria" — o mico, do povo;

A bandeira é da "Pátria" — os frangalhos, do povo;

O discurso é da "Pátria" — os ouvidos, do povo;

O palanque é da "Pátria" — a avenida, do povo;

A fartura é da "Pátria" — a miséria, do povo;

A esperteza é da "Pátria" — a burrice, do povo;

A excelência é da "Pátria" — a desonra, do povo;

A imunidade é da "Pátria" — o castigo, do povo...

Por falta de dicionário

os golpistas assumiram a "Pátria"...

E porque descuidaram os filhos da Pátria

os filhos da outra inverteram o sentido de país...

Todos pagamos o preço

dessa estúpida inversão.

A permanecer do avesso

jamais seremos nação.

É urgente — reconheço —

fazer uma revisão:

Ou retomamos a Pátria

dos falsários, dos vilões

ou ficamos como escravos

quando somos os patrões...

Pirapora, 8 de setembro de 2007 (10h5min)