Não tenho mais você...

Hoje sinto tua pele através de desconhecidas peles.

Deixei de ter com a alma e passo a sentir só o corpo.

Vivo num mundo de pessoas sem nome.

Vivo num mundo onde tenho nome falso.

Usando um capuz feito com minha própria sombra, tento viver o prazer do afeto, pelo simples sexo.

Hoje ouço teu riso pelo riso falso daquelas que querem dinheiro por “amor”.

Deixei de ter com o conforto e passo a sentir só a escuridão.

Vivo num mundo de pessoas sem alma.

Vivo num mundo onde tenho uma alma falsa.

Arrasto-me pelos cantos das paredes confundindo arranhões com carícias.

Hoje vejo teus olhos pelos olhares de desejo doentio que os velhos lançam sobre mim.

Deixei de ter com a alegria e passo a sentir só a opressão.

Vivo num mundo de pessoas sem amor.

Vivo num mundo onde tenho um amor perverso.

Caminho sobre um chão respingado de sangue.

Hoje vejo tua presença nos gestos medrosos dos covardes que sentam comigo em busca de bebida.

Deixei de ter comigo mesmo e passo a sentir só a solidão.

Vivo num mundo de pessoas sem mim.

Vivo num mundo onde não tenho mais você.