A Voz da Poesia
Poesia é coisa que aflora
Que se tem que pôr para fora
Como flor que precisa se abrir
São pétalas de versos
São sons de mundos diversos
Palavras que estão a florir
Poesia é um canto divino
Se descrever o mundo é desatino
Dois mundos estão a colidir
Recolho-me às cifras do meu verso
Um grito que não se pode engolir
Uma letra pode ter tudo a proferir
Para encantar a minha tarde
O pôr-do-sol com sua luz me invade
Minha privacidade o curió vem descobrir
Se canta uma canção comigo
E a ele não dou gaiola dou abrigo
Nunca mais ele irá partir
Canta o curió na minha poesia
E de tristeza ele morreria
Se a ele eu tivesse que mentir
Mentiria se colocasse na gaiola
E o trancasse, para não ir embora
Meu próprio canto não teria motivo de sorrir
Deixo o curió livre voar
Eu voo com ele para me inspirar
Ele com o seu cantar e a natureza a aplaudir
Choro quando não ouço seu canto
Sem árvores, ele que sente o pranto
Das matas que estão deixando de existir
Minha poesia fala, canta, suplica
Para salvar uma melodia tão bonita
Minha voz é canto que não se cala ao dormir
A voz da poesia é um passarinho
Que chega de mansinho
E não sabe bem aonde ir
Se a poesia é uma rama
Que se enrama em quem ama
Sua voz chama a quem possa lhe ouvir