Excêntrica
A poesia me abraça com saudade
Como quem foge da realidade
De tanto lutar, todos os dias, contra si mesma
De muito guerrear com sua própria presa
Se privo-me de rimas em certos momentos
Também existem versos sem sentimentos
Saltam sonhos, galopando, indo...
Inúmeras imagens estão vindo!
Procurando um alento num labirinto
Perdendo-me na solidão que aborrece
Alguém sabe o que fazer do que sinto
Quando o sentido das coisas desaparece?
Por estar em combate, forte sou?
Acendo uma vela e improviso uma oração
Minha ioga e minha meditação
É andar sobre a brasa que restou
Se agradei ou algo desagradou
Onde foi parar o que se chamava amor?
O que era líquido nesta sociedade
Hoje, talvez, transformou-se em gases!
O que agora me inspira
Amanhã pode não ser mais
A poesia ainda respira
Na viola, na lira, em versos desiguais
Existem fórmulas para misturar verdades?
Será que a poesia merece crédito?
Vejo um eu com suas liberdades
No fantástico laboratório poético
O que era formal não é mais prioridade
Tudo muda, é a modernidade
Surgiu a alma banhada de simplicidade
Em busca de sua identidade
Deixei o verso correr solto
E de tão livre foi embora
O romantismo ficou rouco
O lirismo, em mim, chora
Se resolvesse com a morfina
Acabava o verso insano, impuro e louco
Mas nem assim descontamina
Volto a ler o clássico, o bucólico, o barroco...