Sentimentos caberiam entre dígitos?

Você me diz tantas coisas modernas, essas artimanhas de internet etc e tal. Eu que sou tão antigo e só sei digitar e passar e-mail fico no ar. Tudo me parece ficção. Nunca saberia e nem teria tempo para ser tão sagaz.

Admiro essa aptidão das pessoas ligadas que se expressam em inglês e informatiquês misturando aos termos da nossa língua na boa, mas fico retraído diante da máquina e da tecnologia, embora esteja lendo Zen – A arte de manutenção das motocicletas.

Fico ainda naquela de acupuntura, comida natural, casa no campo, premonições presságios e instintos e nesse campo nado bem. Às vezes tenho medo dessa alquimia fora de propósito, dessas respostas de oráculo.

Talvez soubesse sempre quem estivesse lidando com minhas senhas e minhas manhas e artimanhas, mas sem a certeza da lógica, da matemática, das táticas, das novas técnicas, dessa magia moderna que nos conecta e nos vasculha o íntimo.

Seria a vida isso mesmo: tudo truque, simulacro, simulações, situações planejadas, barreiras postas, parâmetros fixos? Entre a magia e a psicanálise, a fogueira ritualística e o computador, eu fico com as duas possibilidades.

Nesse divã coletivo de orkut, relações virtuais, MSN, hackers, etc - nessa comunidade de sós, sou só um velho curioso atento, mas tento pouco e me machuco sempre, por não saber onde cabe o sentimento.