O CAFÉ

Foi o café da manhã mais deprimente que tive nos últimos anos.

Nos últimos meses meu filho acordava cedo e me chamava pra colocar algum de seus filmes e me pedia que deitasse junto com ele pra assistirmos juntos, depois tomávamos café. É incrível como ouvi-lo me chamar, “papai”, tem um efeito mágico sobre mim, todas as vezes que ele me chamava e ainda me chama eu fico rindo, ele tem uma personalidade muito louca...

Sinto mais falta dele do que da mãe dele. Não sei o que sinto quando penso nela. Sei que não é desejo de tê-la por perto...

Não está sendo muito diferente de quando ela estava aqui, geralmente era o mesmo silêncio, cada um mergulhado no seu próprio mundo. Era torturante, continua sendo.

Terei que dar uma volta pela minha cidade cinza hoje. Na solidão crio um relacionamento de contemplação com minha cidadezinha, vou ter que perambular por ela, observá-la com mais atenção, retomar minha dádiva de criador e caminhar até parar em alguma rua escura e me dar conta que a noite chegou. Vai ser foda...