MEUS TESTÍCULOS II

XINGAMENTO

Finalmente vi tu´alma. Rasguei o véu das apologias que fazes de quem nunca foste. Cá entre nós, agora que sabes que sei quem és – e quem és é uma ofensa para ti próprio – , já não podes brigar quando te xingo de ti.

TARA SEMÂNTICA

Sei os sonhos

Que me têm.

Ora, sei-os... Sei-os bem.

CONSOLO NEFASTO

Não tenha medo do escuro.

Aconteça o que acontecer,

Você nem vai ver.

SUBIDORIA

Mais que um sábio,

És o sábio.

Eu sou asno

Ao quadrado...

Ou ao cubo.

Mas não sabes

Que já sabes.

Ponto e basta.

Só eu subo.

LOBO DE ALMA VELHA

Tenho alma

Tão vivida,

Que o corpo a tem

Como almanaque.

Minha calma

É tão curtida,

Que traja luto

E forja fraque.

Trago em mim

Tanto passado,

Que virei Gólgota;

Sião.

O meu passo

É tão pesado,

Que meu caminho

É caminhão.

DESUMANISMO

Numa era em que a gente

Faz do amor um artigo

Em extinção,

Qualquer bicho é uma espécie

Em distinção.

“PRANTAS”

Foi tanta mágoa

Que acumulei,

Foi tanto pranto

Guardado em vão,

Que o solo fértil

Dos meus sentidos

Tem “prantação”.

DÍVIDA

Devo tudo à poesia.

Dos bens de fato

Ao próprio fato

De dever tanto.

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 12/09/2011
Código do texto: T3215046
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