A AÇÃO DE IMANTAR

Tudo o que se escreve é um pedacinho do ser em discussão, a sua comunicação interpessoal. Entrega-se ao outro uma côdea de massa placentária – o pão da palavra. Ninguém fala consigo mesmo, exceto os loucos de todo gênero, que não entendem a si próprio e nem o estar no mundo. Todavia, não necessariamente é preciso gostar do que está escrito. Somente cabe imaginar o que da pessoa este escrito contém e se ela está pronta para vir a ser a imantadora dos que leem e compartilham frutos sazonados ou não. O escritor é pássaro faminto que ensina os outros a voar mais e bem, para vir a saciar a fome e a sede de voejar. Nem sempre o escriba consegue formar o bando de andorinhas que risca o céu em migração.

– Do livro OFICINA DO VERSO, 2015.

http://www.recantodasletras.com.br/pensamentos/5272015