OUTRAS PRECIOSIDADES (3)

A MELHOR JOIA

Atravessando um deserto um viajor inglês

viu um árabe sentado ao pé de uma palmeira.

A pouca distância repousavam seus cavalos,

pesadamente carregados; compreendeu o inglês

tratar-se de um mercador de objetos de valor, que

ia vender suas joias em alguma cidade próxima.

Como fazia muito tempo que não conversava

com ninguém, aproximou-se do pensativo mercador,

dizendo:

- Olá, amigo ! O senhor parece muito

preocupado. Posso, acaso, ajudá-lo em alguma coisa ?

- Ai ! respondeu o árabe, com tristeza.

Estou muito aflito porque acabo de perder a mais

preciosa das joias.

- Bolas ! replica o outro. A perda de uma

joia não deve significar grande coisa para o senhor,

que leva tesouros sobre os cavalos. Ser-lhe-á

facílimo reavê-la.

-Reavê-la ! Reavê-la ! exclama o árabe -

- bem se vê que o senhor não conhece o valor da

minha perda.

- Afinal, que joia era ? perguntou o viajeiro.

- Uma joia - respondeu seu interlocutor -

como outra não fora feita na Oficina do Tempo.

Adornavam-na vinte e quatro brilhantes, ao redor

dos quais se agrupavam sessenta menores. Vê o

senhor que tenho razão em dizer que joia igual

jamais se poderá reproduzir.

- À minha fé - diz o inglês - a sua joia era

preciosa. Mas não acha que com muito dinheiro se

possa fazer outra análoga ?

- A joia perdida - responde o árabe - era

um dia, e um dia que se perde nunca mais se

recupera.

(ANÕNIMO)