MONÓTONO

Difícil não é aceitar que a vida não anda boa, difícil mesmo é ter que aceitar que ela se mantém a mesma para todo o sempre. Por mais que eu tente mudar, é sempre o mesmo amanhecer, é sempre o mesmo luar. Encontrou-se monotonia em uma rotina tão constante e nova que é a vida, de onde vem este tédio? Nunca enjoei de mim mesma, o que me deixa com ânsia é a vida necessária e monótona de tudo o que me cerca, não estou enjoada de mim, e sim, da forma padronizada que as coisas ao meu redor funcionam. Todos nós estamos presos aos padrões da vida, como mudar a cor do céu? Como mudar a posição das estrelas? Como mudar a direção da correnteza do rio que corre parado? Somos movidos por mudanças, cortes de cabelo, roupas novas, amigos novos, dentro de nosso universo pessoal a mudança sempre é necessária para não despertar o tédio de si mesmo. Mas e a mudança externa? Aquela que não está ao nosso alcance, e que mesmo assim vivemos sob e sobre elas. Para muitos isso não faz sentido e, para mim, são eles que ainda não perceberam que estão vivos. Tudo é estudado, provado e computado. Quando encontrarem respostas para tudo, a vida se encerra? Nenhum ser humano será capaz de encontrar o sentido da vida, e não desejar a morte. A imortalidade é tão desesperadora quanto à certeza da morte. O que nos mantêm tranquilos é a duvida.

Desde que nasci, percebi que não faço parte da maioria. Eu sou aquela cobaia que fugiu do laboratório do universo. Não sou o turista, sou o nativo. Não sou a ovelha, sou o regente. A minha missão não é ser guiado, é guiar. Sou a astronauta solitária do universo que se perdeu da tripulação por se distrair olhando pra Lua. Quando pensarem que estou morta,eu estarei observando todos morrerem. Sou banhada pela loucura que é dispersa de toda lucidez fútil do mundo.