A PAIXÃO IDIOTIZADA

Ficamos estupidamente inconsequentes quando estamos apaixonados. Imprudentemente tapamos os ouvidos, silenciamos os avisos, enfraquecemos os sentidos, substituímos nossos objetivos, traçamos novos caminhos...

Num ato imprevisível de encanto, obstruímos a razão, vestimos o traje mais elegante, o tecido mais antigo, cobrimos a pele marcada e cansada de nossos corpos com o tecido mais bonito, esperando que o brilho de nossas intenções mais significativas possam ofuscar todas as imperfeições físicas... Que algum sentimento indestrutível desperte, e todos os vilões ilusoriamente inabaláveis das imperfeições mais superficiais de nossos corpos sejam extintos... Que as ideias populares de perfeição sejam apenas meros erros coletivamente endeusados em orações falsas à deuses cruéis e inexistentes...

Ela se distanciou de repente, talvez não saiba ao certo o que sente, ou quem sabe, eu a tenha assustado com meus excessos. Nunca sei ponderar o que sinto, e por isso, sinto muito. Talvez eu a tenha pressionado demais com minhas palavras ensaiadas, com minhas atitudes imaturas e desejos impulsivos, minhas imprevisíveis cobranças de afeto, minha carência insaciável e sentimentos absurdos, meu amor exagerado e saudades instantâneas, minhas cobranças banais por explicações para situações absurdas criadas exclusivamente por mim durante as constantes e inevitáveis crises de abstinência em todas as suas ausências.

Talvez eu tenha errado, e por estar feliz como nunca havia ficado, fui guiado pela inocência de meus desejos e inevitavelmente tê-la adicionado em tantos e incansáveis planos.

Talvez, despretensiosamente, eu a tenha deixado cega quando a olhei nos olhos e involuntariamente os meus emitiram uma luz absurdamente intensa, como se o Sol fosse totalmente insignificante naquela tarde, como se naquele momento, eu brilhasse mais que todas as galáxias juntas em explosão sincrônica de todos os planetas, e agora, apenas a escuridão total, uma cicatriz na linha do tempo, uma foto amarelada, próxima às cartas empoeiradas, decompondo-se vagarosamente em pequenos esquecimentos que se desprendem de nossas mentes diariamente...

Talvez... Os incontáveis sonhos que vivi ao teu lado são as únicas experiências plenamente completas que teremos... E as milhares visões de futuro onde insistentemente me atrevi a idealizar ao teu lado, serão apenas o rascunho mental que restará quando ninguém mais lembrar de nós dois juntos...

Ficamos estupidamente felizes quando estamos apaixonados.

Imprudentemente fechamos os olhos, sonhamos...

Fortalecemos os sentidos.

Encontramos nosso objetivo....

Traçamos novos caminhos...

Ainda Menina Mar
Enviado por Ainda Menina Mar em 07/02/2018
Reeditado em 07/02/2018
Código do texto: T6247638
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