PATRIMÔNIO HISTÓRICO-SENTIMENTAL
Sobre um banco empoeirado recordo os dias que mais marcaram minha infância. Dias bons (e raros) vividos exatamente aqui. Não é à toa que os meus olhos refletem melancolia e saudade.
Se algum dos passantes me notasse assim, teria na flor-dos-lábios aquelas admoestações à moda "esqueça o passado... bata a poeira e siga em frente...", como se fosse possível seguir para trás. Vá dizer isto ao meu coração saudosista! É um problema, este ninho de afetos...
Deixo fluir a lágriam discreta. Entrego-me ao momento e viajo nas lembranças. O banquinho solitário igual a mim - como a poeira o faz confessar - parece me reconhecer e carpidar comigo. Pode ser que eu fique por muito tempo no seu cimento, como lembrança ao mesmo tempo tristonha, terna e prazerosa.
Tenho este problema: Tudo que diz respeito ao meu passado é alvo de tombamento pessoal, determinado pelo patrimônio histórico-sentimental de minh´alma. O banquinho é um monumento.