PATRIMÔNIO HISTÓRICO-SENTIMENTAL

Sobre um banco empoeirado recordo os dias que mais marcaram minha infância. Dias bons (e raros) vividos exatamente aqui. Não é à toa que os meus olhos refletem melancolia e saudade.

Se algum dos passantes me notasse assim, teria na flor-dos-lábios aquelas admoestações à moda "esqueça o passado... bata a poeira e siga em frente...", como se fosse possível seguir para trás. Vá dizer isto ao meu coração saudosista! É um problema, este ninho de afetos...

Deixo fluir a lágriam discreta. Entrego-me ao momento e viajo nas lembranças. O banquinho solitário igual a mim - como a poeira o faz confessar - parece me reconhecer e carpidar comigo. Pode ser que eu fique por muito tempo no seu cimento, como lembrança ao mesmo tempo tristonha, terna e prazerosa.

Tenho este problema: Tudo que diz respeito ao meu passado é alvo de tombamento pessoal, determinado pelo patrimônio histórico-sentimental de minh´alma. O banquinho é um monumento.

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 12/09/2007
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