Eu descobri que o ser humano é triste (pensamento plural)

Eu descobri que o ser humano é triste. Ele olha para as alegrias dos outros seres humanos com tristeza. Ele olha para as simplezas como se fosse superior a elas e ele as trata conforme as suas decepções, frustrações, e é incapaz de lhes atribuir alegrias. Olha para as mediocridades nossas, única coisa que nos resta, quando longes estamos de aventuras inenarráveis, de mansões indescritíveis, de vitórias incalculáveis, de poderes indizíveis... olha para nossas singelas conquistas com desprezos constrangidos, tristes. É incapaz de dar valores, mas desvalores. Incapaz de somar tesouros, lança lixos e cospe vômitos de ironia. Não vê que todos só querem fugir da realidade um minuto. Pensarem-se, nos mínimos que podem-se, os máximos que sonham-se.

O ser humano é triste e tenta cultivar infelicidades. Talvez porque assim livre-se das solidões, das condições, das mesquinhezas que propriamente percebe que o cercam, por dentro e por fora. Porque triste, tudo há de ser triste.

Eu percebi isso não com os olhos, mas com tristezas. Por isso irei contra as ondas agora, vou bater de frente, correr às derivas, adentrar nos corações do mundo e gritar alegrias. Juro que vou.

Porque eu percebi que o que é triste o é só porque pode ser alegre.

Quero pois simplezas e alegrias, medíocres e felizes. Grandes das pequenezas mais sinceras e tênues. Até quebrar-me todo em cacos de venturas mil e cortar os pés dos transeuntes, encharcando os asfaltos de sangues quentes e vivos, contentes e livres.

A vida tem poucos sentidos, ou nenhuns. Quero senti-la para os céus, para os voos, para os êxtases e para o Amor. Para estar bem por não causar rancor, nem amargor.