Além do exterior e dos ecos

Há muitas coisas além do corpo e das palavras. A beleza do corpo é consumida pelo tempo e as palavras podem se esgotar.

Quando conseguimos olhar além do corpo e “ouvir” além das palavras, um mundo novo se descortina a nossa frente.

Apoiar nossas convicções no que vemos e ouvimos pode ser um erro fatal. Quando a beleza se esgota e se é nela que baseamos nossos sentimentos, trocamos o que não é mais belo, por uma nova beleza que esteja ao nosso redor. Quando as palavras se esgotam, mergulhamos em um silêncio mortal e somos obrigados a escutarmos nossos próprios gritos de solidão.

Buscar algo mais belo para substituir o que já não nos dá mais “tesão” e ouvir novos discursos cheios de palavras floreadas que não fazem sentido, mas são como música para nossos ouvidos é como se drogar de ilusões esperando acordar em um verdadeiro e eterno paraíso que nunca existiu.

Seria mais justo com nossas emoções e com nós mesmos, não viver de imagem ou de aparências. Acredito que a evolução e o amor se baseiam em dimensões além do que nos agrada fisicamente e do que que gostamos de ouvir a nosso respeito.

A primeira coisa é entender que somos limitados e com empatia, entender que nossos semelhantes também são. Fugir da superficialidade da vida é dar uma nova chance todos os dias a verdadeira felicidade.

Pensar dessa forma exige um esforço enorme e uma responsabilidade maior ainda, pois se queremos ser felizes, é de suma importância que quem busca a felicidade esteja no controle das emoções e queira realmente viver.

O mundo pode ser capitalista, comunista, feminista, machista, branco, negro, materialista ou espiritual, mas não precisamos nadar por todas essas correntes para sermos completos ou atualizados em relação ao momento. Precisamos olhar para dentro, mergulhar nos sentimentos sem nos deixar contaminar por ideias que não são fundamentadas no bem-estar de todos. Romper com o egoísmo e escapar dos ventos dos modismos, permite que o ser pense por si mesmo, mas para isso, terá que ir além do corpo e das palavras e saber coexistir com altruísmo e amor no meio de tanta diversidade.

Nada é fácil ou certo, mas sair da “zona de conforto” e mudar os rumos da humanidade, exigirá coragem. O medo é algo instintivo e já vivemos com ele todos os dias, se a morte é certa, porque a vida não pode ser mais cheia de coragem, respeito e liberdade?

Tudo bem, para muitos a verdade continuará a mesma, pois haverá sempre um sonoro “Falar é Fácil”, mas é muito mais difícil aceitar que nada mudará só porque as possibilidades não estão visíveis.

Paulo Raven
Enviado por Paulo Raven em 03/02/2020
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