VIVER OS OUTROS

A cada vez que você arvorar um novo conceito, não se deixe levar por si em primeira instãncia. Procure refletir sobre o próprio conceito, para ver se é conceito próprio. Ou se alguém já conceitualizou por você e deu tudo pronto à sua preguiça de pensar e promover conclusões inéditas e bem embasadas.

Aliás, se este for o caso nem faça nada. Você não tem mesmo como fazer algo... Nem o que fazer, em um mundo que a cada dia gira com vertiginosidade maior, deixando para trás os lerdos de caráter, senso e personalidade. Os que se deitam à sombra de conceitos, idéias, opiniões e prismas alheios, esperando cair a esmola de um fruto excedente ou temporão já mordido por pássaros, ratos ou morcegos.

Tenho pena dos que resumem a vida a uma teimosa e ininterrupta fileira de paráfrases prismáticas, comportamentais, ideológicas e de qualquer outra natureza. Fazem isso como quem esquece o mundo à volta, roncando sob uma árvore frondosa, enquanto o tempo passa e o torna ultrapassado.

Quem vive os outros não vive exatamente a vida. Vive papéis ridículos e simplórios, na ilusão de que o faz em grande estilo. Entretanto, quem olha um pouco mais profundo sabe perfeitamente que, um infeliz como esse, na verdade nem tem estilo.

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 03/11/2007
Código do texto: T722066
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