Deus não se prova, emperimente quem puder

“Deus é amor, Deus mesmo é o sacrificador e o sacrifício. Ele é o fogo e o alimento do fogo”, explicou o profeta hindu Krishna ao seu devoto, príncipe Arjuna, em uma passagem do livro Bhagavad Gita. O profeta se auto-define: “Eu sou o perfume da terra e o esplendor do sol; eu sou a vida de todos os vivos... De toda a criação, eu sou o princípio, o meio e o fim”.

Já no livro do Apocalipse (22,13) se encontra palavras de grande semelhança com as de Krishna. Nesta passagem bíblica, Deus assim se explica: "Eu sou o alfa e o ômega, o primeiro e o último, o princípio e o fim... Eu, a quem tem sede darei de graça da fonte da água da vida". Jesus Cristo no mesmo livro, através da visão de João, assim se define: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará nas trevas, mas terá luz da vida”.

As semelhanças entre o que disseram as grandes forças divinas (avatares), que vieram à terra orientar os descaminhos humanos, são muito parecidas e coincidentes, e podem ser encontradas no Evangelho de Buda, no Velho e no Novo Testamentos, no Bhagavad Gita, no Tao de King, e em outros livros sagrados. São ensinamentos, palavras emanados diretamente da fonte da sabedoria - e que, apesar das definições constantes nos citados livros, é um mistério indecifrável para os humanos.

Essa força que permeia tudo e todos continua rejeitado pelos que querem sempre uma explicação lógica. Para o místico, os mistérios da fé são indecifráveis, mesmo, e ponto final. Para o teólogo Hubert Lepargneur, “Deus não se toca, não se prova; experimente-o quem puder. Pura graça”.

Se alguém pensa em ter explicações claras para ter fé, desista. Para Santo Agostinho, “se alguém pensa haver compreendido Deus, não é de Deus que se trata”. Para o sábio chinês Lao Tsé, que viveu e escreveu o seu livro “Tao de King” cinco séculos antes de Cristo, “o Tao (o indecifrável) que se procura alcançar não é o próprio Tao, o nome que se lhe quer dar não é o seu nome adequado”.

Os místicos e os sábios delineiam com clareza as limitações humanas para entender a divindade. Entretanto, a falta de uma explicação não quer dizer afastamento, pois como disse Jesus Cristo, basta haver duas pessoas reunidas em seu nome e Deus estará presente.

E mais: qualquer um pode se comunicar com Deus, do mais simples ser ao mais abastado - através do reto caminho da oração. Quem precisou dela e teve fé, sabe que não falha. “Pra vencer satã, só com oração”.

Bom Natal a todos. (Célio Pires).