A menina do ônibus

Ela entrou no ônibus urbano vestida de branco e exibindo orgulhosa seu cabelo pixaim enrolado em trança de dois,

O que lhe caiu muito, em seu rosto pequeno e oval.

Não era alta, mas quando entrou no ônibus cresceu.

Tinha a altivez da nobreza, dos reis, dos poderosos.

Ela era linda,majestosa,trazia em seu semblante uma serenidade invejável,

um ar de superioridade, de sabedoria,sem arrogância :contudo,

Não era só a beleza física. era o olhar,os gestos, a leveza no andar, tudo na menina do ônibus tinha sedução e atraia os olhares furtivos dos passageiros daquele veículo.

Todos se dirigiram a ela, não se continham a observar com mais detalhes aquela presença feminina e marcante.

Uma menina-moça!

Poderia ser uma rainha em nosso reino, e quem dirá que não?

Trazia no olhar, no sorrir, uma áurea, uma ciência de si,um orgulho de ser, uma presença,uma consciência.

Alheia a provocação que causava aos demais sentou-se perto da janela e ficou a contemplar a paisagem que passava apressada pela sua frente.

Absorta,olhar vago,o que será que pensava a menina do ônibus?

O que será que afligia?

Será que percebia minha observação indiscreta?

Lembrei-me de você, ela lembrava você mais jovem, mas, não era você!

A menina do ônibus é uma das guerreiras formadas para a luta diária nas trincheiras do Quilombo Urbano Steve Biko.

Para Rosiléa – a menina do ônibus

5/12/2007