tudo é instante, serpentina, esperma, espera e já é vida

tudo são poucos instantes contínuos

fragmentos

confetes

carnaval

quatro noites

beijos desfiles etc. e tal

tudo é muito pouco

uma letra que se solta da palavra

a lava pela boca do vulcão

um cão com sarna na praça

escória

uma estrela

que brilha mas demora a chegar aqui

um piscar pode custar séculos

de espera

um esperma

um gozo

uma pessoa a mais

uma poesia a mais

um livro inteiro pra você

uma vida

junto

um conflito

eu aflito

tudo são poucos instantes

a vida começa e já parte

momento da história

sem glória

ostracismo de tantos

isso tudo me intriga

instiga

e não é de hoje

por isso inventou-se a filosofia

por trauma

ocaso

raio que cai e mata

nada pra entender

tudo pra viver

eu e você

não tem explicação

não é lógico

não é explícito

não tem bula

a vida não se auto-explica

intriga-me

esses instantes infindos

tudo se dando tão simples

como uma montanha

como vento

que espalha e sementeia

não em vão

pelo vão

mas eu fico assim

conflito

esperando que a lua passe

e cheia

traga o sol

e me estrele

ponha-me na estrada

e me tire do tenso

desse compasso

que não me consuma mais a carne

a fome autofágica de uma úlcera nervosa

não volte

não de voltas

tudo que for

que venha então

seja só mais que um só instante

momento

confete

carnaval

passagem

que se feche a cortina

mude a rotina

e em outro ato

sem ensaio

no improviso

sem aviso prévio

ói eu de novo em cena

bacana

um sorriso é preciso

instante novo que já foi

que já vem

insistentemente

avassaladoramente

tudo é instante, serpentina, esperma, um pouco de espera

e já é vida

e vai

em frente

fica em pé e corre....

... isso é assim, não tem fim, fio de novelo que se emenda na vida, nas estrelas e nas impossibilidades aspiradas, espiraladas...

...

Da série: “Filosofia baratas e descartáveis”