Vô passá a receita
que a D.Dalva fazia prá nóis,
era uma dilícia de doci
que se comia rezando,
prá sobrá mái um poquinho
prá genti ir mái  um bocadu pegando,
Era um tar de Arroiz doci caipira,
receitinha antiga das boa,
aprendida cuma portuguesa
chegada ao Brasil, di Lisboa,
Ela fazia nu fogão a lenha
ondi ficava horas cozinhandu
mexia as panela cum maestria
i nossa boca ia aguandu,
Pegava 3 ovo no galinheru
qui as galinhas cuitada... tinha acabadu di botá!
deixava na mesa de madera di plantão,
pois os tar ovinhu fresquinhu
era usadu só nu fim da operação
Um litro de leite da Mimosa
vinha  fresquinhu da leiteria,
prá panela bem devagá ele caía
aí ela catava 3 xicaras de arroiz
dos bão,do brejo do seo Beto,
qui também tinha prantação,
lavava os arroiz e tacava no panelão
junto com o leite e mái uma lata,
dus tár di  leite condensadu,
que vinha tudinho enlatadu
só um poco di açuçar,
prá num ficá enjuado,
uns cravos da índia lá iam
fazendu mistura di tudo,
punha raspa di laranja dus pomar
onde ela pegava nus pés,
di laranjeras azeda
qui nem servia prá vendê,
Aquilo tudo ficava fervendu
mái um bão tempão,
si ficassi muito grossu 
lá ia mais leite do bão,
mexia e mexia com colher di pau
até tudo ficá bem maciu,
pegava os ovo,
mái só aproveitava as gema
e ali tudu juntu,
ia fazendu a alquimia,
sempre mexendo muitu memo
até ficá bem cozidu,
sem cheru di ovo isso era garantido,
Despois tirava du fogu
punha num travessão
canela pur cima du doce,
prefumava até us coração,
todu mundu lambia us beiçu
cum a sobremesa simples,
casera, pura e bem feita
digna até de um princípe !


E VIVA prá D.Dalva, pois ainda está viva, com seus 85 anos na boa e sempre pronta prá cozinhá!

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27/02/11
Marilda Lavienrose
Enviado por Marilda Lavienrose em 27/02/2012
Reeditado em 05/08/2013
Código do texto: T3522776
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