Pontes do desespero

À Milton Geovane

No presente

Alimento-me de momentos passados.

Tento reviver cada instante,

Reler cada gesto, tragar cada aroma,

Multiplicar cada sorriso, porem,

A obsolescência do tempo pune-me com um castigo:

A impossibilidade de reconstruir o que é findo.

- sopro as cinzas da existência e choro meus mortos.

Os quadros na galeria da memória jazem empoeirados.

As lembranças são rabiscos inúteis em um diário,

Sujo e rasgado, abandonado no porão do tempo.

- o calor da noite não cessa o frio d´alma.

Na penumbra do quarto emerge o vício.

Submerso em lamentos tardios,

Ruínas de um tempo aniquilado,

Contemplo a poesia de vilarejos hoje inabitados.

- não consigo edificar muros na areia movediça.

Caminho pelas estradas da loucura e tenho meus pés petrificados.

O que antes era gracejo, no presente, é insulto;

O que antes era aconchego, agora, lágrimas e solidão;

O que antes era sorriso, agora, um silêncio visceral.

- A face no espelho foi ferida por um estilete.

Somente o fim indicará meu inicio...

Roniel Oliveira
Enviado por Roniel Oliveira em 12/06/2008
Código do texto: T1031214
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