“O ÉBRIO POETA”.

        

 

Já ébrio, e apaixonado,

Quase em estado de loucura,

Falando tudo enrolado

É um coitado, essa criatura.

 

Sua companheira é a amargura

Seu aspecto é mal cuidado,

O seu passado foi só luxuria

Amando sem ser amado.

 

É um poeta embriagado

Recitando na noite escura,

Cujo tema é o seu passado

E um grande amor que procura.

 

Agora é um anjo de candura

Mesmo estando magoado,

Às vezes canta, noutras murmura,

E a garrafinha ao seu lado.

 

Pobre poeta... Coitado!

Quem lhe ouve sente ternura,

Bêbado sim, mas inspirado...

Corre-lhe nas veias a cultura.