DOR RASGADA

O sol teima em sorrir,

em despertar as pessoas.

Insetos cantam canção triste

que machuca meus ouvidos.

A manhã de uma madrugada inesperada sorri.

Queria abraçar tudo o que está aqui.

Impossível.

Estou à espera de um mago

que transforme as madrugadas em sonho.

Uma dor rasgada me dá bom dia.

Costurei um sorriso no rosto

para que ele se torne eterno.

Sem anestesia, arranquei meu coração.

Descobri que ele era tão útil quanto um dedo inflamado.

Dói ver a natureza explodir em cores,

a um passo de mim,

sem que possa entender como tudo isso é bonito.

Dói ter que perder o coração,

o sorriso,

o sentimento,

por necessidade.

Necessidade única:

sobreviver....

Escrito em 28/11/1976 e reeditada em 19/09/2008