“Verbus Caladus”
Os versos que não escrevi,
Por pudor ou lassidão,
Hoje compõem a antologia suprema
De meus dizeres mais fecundos.
Sujeitos, verbos, predicados,
Concordâncias dês (or) de nadas,
Junções de termos esquizofrênicos,
Suspeitosamente líricos, empíricos,
Imersos nos labirínticos corredores
De meus espasmos superados.
Quanta expectativa, meu Deus,
injetei em cada pensamento daqueles?
Quanta dor, verdadeira ou plagiada,
Verteu estes que morreram pagãos?
Quanta culpa, quanta desculpa,
Quanta covardia de minha parte!
Hoje não consigo, por mais que tente,
Vomitar novamente suas geometrias.
- Foi um prazer, porem, morremos todos!
- ouço-os dizendo, muitas vezes,
em momentos de ociosidade criativa.
E por mais que eu me esgane,
Que eu consuma toda a nicotina do universo,
Eles serão somente sombras,
Fantasmas que decidiram não assombrar,
Andando em fila indiana rumo à perpétua inexistência!