Sonhos epiléticos
Ela tinha um sorriso trôpego
Mas disfarçava com cosméticos
Adentrou a universidade
Mas manejava eletrodomésticos
Contemplava a beleza
Dos monumentos esqueléticos
Devorava pergaminhos vermelhos
Em busca de saberes dialéticos.
Gostava de ver na tv
Histórias de amores frenéticos
Consumia-se em orgasmos práticos
Melancolicamente estéticos.
Casou-se com um taxista
Que nutria humores ecléticos
Ouvia discos de Bob Dylan
Relembrando sonhos patéticos
Sucumbiu na sofreguidão
De seus amanheceres morféticos
Vestia-se de volúpia e servidão
Para seu mito cataléptico.
Persuadiu seu coração
A farejar caminhos cépticos.
Inexistia na solidão
De seus ataques epiléticos.