Descrença infinda.

Aceitas um gole de meu cálice?

Não? Pois saiba que um dia aceitaras...

Também neguei, em outros tempos,

esta sublime e inevitável oferta.

Porem, hoje, acrescido de paladares acres,

deleito-me e aclamo o teu sabor.

Deste cálice, acerbo como o amor,

bebem os vencidos que pela vida navegam

e não esperam mais que a embriagues que se revela

nas borbulhas céticas que ele expele.

Pois todo ser que, em vida, contrai a vil sabedoria,

um dia brindará em uma taça como a minha.

E se, do contrário, não ingerir dose tão funesta,

É porque não fora tocado pela verdadeira poesia.

Só esta bebida amarga, a descrença absoluta,

É servida no funeral dos sentimentos humanos.

Receba-a, assim que lhe for próprio o deleite,

Com as mãos abertas e o coração morto!

Roniel Oliveira
Enviado por Roniel Oliveira em 30/03/2009
Código do texto: T1514107
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