Descrença infinda.
Aceitas um gole de meu cálice?
Não? Pois saiba que um dia aceitaras...
Também neguei, em outros tempos,
esta sublime e inevitável oferta.
Porem, hoje, acrescido de paladares acres,
deleito-me e aclamo o teu sabor.
Deste cálice, acerbo como o amor,
bebem os vencidos que pela vida navegam
e não esperam mais que a embriagues que se revela
nas borbulhas céticas que ele expele.
Pois todo ser que, em vida, contrai a vil sabedoria,
um dia brindará em uma taça como a minha.
E se, do contrário, não ingerir dose tão funesta,
É porque não fora tocado pela verdadeira poesia.
Só esta bebida amarga, a descrença absoluta,
É servida no funeral dos sentimentos humanos.
Receba-a, assim que lhe for próprio o deleite,
Com as mãos abertas e o coração morto!