HÓ, COITADO!...

Enquanto escrevo

E derramo minhas lágrimas

Nestas folhas, frias e insensíveis,

Que não sentem a minha desolação!

Nelas escrevo, desperdiçando rimas

Que pretende lhe convencer

Do meu amor e de minha nobre aspiração.

Mando-lhe recadinhos apaixonados

E enquanto faço-lhe juras extremas,

Acarinhada nos braços de outro, você está!

E eu, coitado, me desdobro, para,

As mais lindas palavras a você direcionar

Esperando que as leia e correndo

Venha, naquele lugar me encontrar!

Não és amada! E a falsidade, vive a lhe rondar,

Encontra-se doente e já não consegue chorar

Mas disto você deve gostar, porque,

Se assim não fosse, deste seu amor prejudicial,

Em mim, a sua cura já teria findo procurar.

Choro sozinho a falta que me faz,

Pesquiso doces palavras que lhe enterneçam

E esforço-me para a mais linda mensagem lhe enviar

Declamando-as em rádios, publicando-as nos jornais.

Inutilmente estou a me desgastar, e na cidade,

O meu filme já não posso rodar, pois por você,

Desmoralizou-se de tanto eu o queimar!

E só você não quer acreditar, que,

Vives iludida, por um nada, ludibriada,

E eu escrevo a noite, procuro-lhe a luz do dia

Para lhe arrebatar das garras, do dispensável,

Que a trás engambelada, na livre ilusão,

Definhando, resignada e amargurada.

Elio Moreira
Enviado por Elio Moreira em 07/04/2009
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