Testamento da insipidez
Estou cansado dessa vida,
Mas um peso em minha face.
Estou cansado de tudo,
Tudo que conquistei, que sofri...
Que eu não medi.
Estou cansado
De ser tão apunhalado,
De sempre...
Chorar pelos cantos
E mal dizer-me sempre
Em todas as noites escuras.
Perguntando-me sempre
– Aonde cheguei?
Quanto ganhei? –
Que ilusão!
Mas sei decerto...
Não tenho valor monetário nenhum.
Estou cansado das minhas atitudes,
De essa inóspita vida brincar comigo...
De o tempo me passar à perna,
Dos absurdos que o espaço faz comigo.
[...] Tenho dores...
E quando tenho dores,
Lamento, e lamentando...
As lágrimas caem,
E rolam sem querer.
– Não é só desespero.
São dores profundas
Que nem todo encanto de todo invento...
Vão torná-los diferentes. –
Estou cansado...
E acabo o meu discurso dizendo
– Estou cansado!...
Cansado dessa vida,
Cansado de tudo mais...
Cansado dos meus delírios!