HOMEM E POETA 
                                                  uma triste história de amor
Criei em minha carência,
Um mundo sem diferenças,
Pronta para abraçá-lo,
Assim fui ao encontro,
Do homem poeta que eu amava,
Levando em mim a certeza,
De uma saudade infinita,
Vestígios de uma outra vida,
Que na alma havia guardado.
Mas, encontrei-te dividido,
Um homem limitado e calado,
Incapaz de ser verdadeiro,
Hoje percebo mais do que isto,
Um homem cheio de egoísmo,
Que apenas saciou seu desejo,
Ao viver uma rápida aventura,
Só um momento de traição e prazer.
Mas, essa minha alma inocente,
Nada viveu, se não a poesia,
Daquelas mãos sobre as minhas,
Dos meus olhos sobre os dele,
Daquele corpo a se fundir ao meu,
Vivi o sonho real de uma noite de amor,
Pois descobri que apenas eu amei.
Mas após tal encontro tudo mudou,
Porque o homem poeta se calou,
Em meio aos meus versos de amor,
E das minhas constantes duvidas.
Confessou então o homem,
Após a minha tão dolorida descoberta,
Seu segredo tão bem camuflado,
Em suas pobres vestes de poeta.
O sonho tornou-se então pesadelo,
Machucando-me mais do que poderia.
Mas, ainda assim, doente de amor,
Insisti sem medir consequências,
Acreditei no que o homem acalantava,
E que era tão somente aquele segredo,
Que ainda nos separava.
Hoje sei o quanto me enganei,
O quanto sonhei acordada.
O homem nada sentiu por mim,
Desde o início apenas a musa lhe interessava,
Como flores a enfeitar seus versos de amor.
Agora entristecida, sou então desprezada,
E percebo que nem sua amiga permitiu-me ser.
Coloco-me então a observar a realidade,
Das desavisadas musas em meu lugar,
Prontas a compor seus devaneios de amor,
Sonhando com o sensível homem,
Que certamente á elas se esconde no poeta,
O mesmo que nunca soube avaliar o amor,
O profundo amor que lhe dediquei.


08/06/06
Sonia Ferraz
Enviado por Sonia Ferraz em 08/06/2006
Reeditado em 08/06/2006
Código do texto: T171706
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