Versos a um poeta maldito

No castelo onde me enclausuro,

Não há lírios nem petúnias que alegram;

Habitam morcegos e corujas

Que compadecem de minha solidão.

Nas paredes de meus quartos,

Taciturnos recantos poéticos,

Desenhos abstratos incitam a duvida.

- O silêncio grita nomes mortos.

Caminho, sem razão, de um a outro lado.

Leio um romance antigo, bebo um gole cancerígeno,

Atribuo minha derrota a fatores inexistentes e, mentindo,

Tento enganar-me de que tudo segue uma trajetória comum.

Gostaria de rezar, porem, não creio.

Perdi a ilusão dos insanos na eternidade

E, agora, fico debatendo minha carcaça

No mar soturno do não-querer-mais-nada.

Espero, sorrindo, que meus olhos percam o brilho

E que minha solidão paralise no emergir do tempo findo.

Teimo, num instante de volúpia, em crer

Que minha vida é coerente com minha escolha;

Acredito, piamente, que minha vida é um livro

Que um poeta maldito teimou em não editar em vida.

Roniel Oliveira
Enviado por Roniel Oliveira em 16/06/2006
Código do texto: T176576
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