AUTOFLAGELAÇÃO

A noite brota no silêncio.

Para não morrer, sozinho,

Rabisco devaneios tristes

Que não serão publicados.

A solidão me sorri.

Teimo em burlar as horas,

Inimigas dos seres taciturnos,

Com a escrita de versos dementes

Que não homenageio a ninguém.

Enquanto escrevo, trêmulo,

Vou assassinando os demônios

Que se embebedam ao meu redor

E insistem em sufocar meu riso.

Porem, quando deito a pena,

Poderosa navalha de ferir almas,

Desabo na imensidão do vazio

E sorrio, desesperadamente autofóbico,

Num ritual de autoflagelação continua.

Roniel Oliveira
Enviado por Roniel Oliveira em 20/06/2006
Reeditado em 05/12/2007
Código do texto: T178976
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