AUTOFLAGELAÇÃO
A noite brota no silêncio.
Para não morrer, sozinho,
Rabisco devaneios tristes
Que não serão publicados.
A solidão me sorri.
Teimo em burlar as horas,
Inimigas dos seres taciturnos,
Com a escrita de versos dementes
Que não homenageio a ninguém.
Enquanto escrevo, trêmulo,
Vou assassinando os demônios
Que se embebedam ao meu redor
E insistem em sufocar meu riso.
Porem, quando deito a pena,
Poderosa navalha de ferir almas,
Desabo na imensidão do vazio
E sorrio, desesperadamente autofóbico,
Num ritual de autoflagelação continua.