Idealidade
Vejo o mundo ruir frente aos meus olhos e,
Num constatar passivo,
Interajo com a miséria.
Não planto flores em terrenos baldados.
Pelo contrário, quero vê-las crescendo em solo fértil,
Emergindo fortes e exalando perfumes.
Porem, no meu romper de auroras,
Eu agasto os olhos de quem eu mais queria iluminar.
Mesmo assim, teimo em dançar contra a valsa.
Jogo meu peito contra as ondas e, sem medo,
Travo uma luta desigual contra o mar.
- Mesmo sabendo de sua fúria impiedosa.
Escrevo frases sem nexo; subverto regras.
Anuncio revoluções e morro por tiros de minhas próprias armas.
Não almejo condecorações honrosas, bustos em minha memória
Ou camisetas com o meu rosto estampado... Isso tudo é tão fútil!
Quero simplesmente que a dimensão de meu modesto haicai seja,
Se possível for, compreendida não com a grandiosidade de um romance épico,
Mas com a leveza de um poema de escritor-aprendiz.
Porem, se de outra forma, prefiro não respirar; desejo, simplesmente,
Que o meu corpo silencie.