SUICÍDIO

Meu corpo arrasta minhas derrotas.

Ao longe, num campo distante,

Vejo minhas ilusões acenando

E dizendo-me, sorrindo, adeus!

A alegria não anda ao meu lado.

Houve um tempo, fugidio tempo,

Em que as canções eram suaves

E a dança preenchia meu espírito.

Hoje, porem, o piano silenciou

E minhas pernas não conseguem valsar.

Eu perdi a fé que movia meus passos

E meu coração tornou-se uma caixa vazia.

Quanto amor contraí e, leviano,

Deixei que o mar o levasse consigo?

Quantas belas noites de luar,

Quantos momentos de volúpia carnal,

Quantos dizeres abnegados por covardia,

Quantos sonhos não-construídos,

Quantos... Quantas... Quantos...?

Sou agora o reflexo de meus erros.

Teimo, num último sinal de deleite,

Escrever versos inúteis para nenhuma posteridade.

E se faço, envolto em tristes nostalgias,

É para moquear o que ainda resta de vivo em mim.

Não busco mais a vida; escrevo suicidando-me.

Roniel Oliveira
Enviado por Roniel Oliveira em 25/06/2006
Código do texto: T182196
Copyright © 2006. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.