Enfermidade do espírito
Eu estou contaminado.
Em cada célula do meu corpo,
Em minha corrente sanguínea,
Uma doença voraz se alojou
E carcome minhas entranhas.
Eu não tenho salvação.
Minhas mãos estão paralisadas,
Meu cérebro está atrofiado,
Meu coração está parando; tudo,
Todo o meu corpo está inerte
Em razão desse mal sem cura
Que mata o corpo e destrói a alma.
Eu um moribundo sentimental.
Não existe remédio ou sangria eficaz
Que extermine as doenças do coração.
- Estou condenado, esta é a verdade!
Porem, o mais triste, é que o meu mal,
Essa calamidade degradante e lastimosa,
Habita no intimo dos tocados pela poesia.
Esse meu lacrimoso impropério, essa mazela,
Faz com que o mundo, para alguns, seja mais belo.
O triste é saber que, no meu caso, esse infortúnio
- o amor - levar-me-á ao suicídio do espírito.