Réquiem para um incrédulo

Chegaste há um tempo em que não se faz mais amor,

Pois o corpo só almeja o gozo mecânico da aceleração de movimentos.

A alma está irremediavelmente vencida pelo desgosto,

Pela incredulidade, e já não recita poema algum

Nem se compadece com choro de criança indefesa.

As horas passam e, sem motivação, embriaga-se;

Atola-se em enciclopédias que, cheias de sabedoria muda,

Só lhe imprimem um ritmo melancólico de assassinar o tempo.

Nenhuma palavra toca sua alma, só o silêncio lhe consola;

Entrega-se simplesmente a lembranças fatídicas e rostos sem brilho.

As flores tornaram-se plantas e nelas não existe encanto.

Os corpos são massas compostas de ossos, artérias e ignorância;

A lua está encoberta e as luzes dos postes se apagaram.

Você espera simplesmente a dissolução de tudo que existe.

Seu coração apodreceu, seu olhar é absorto,

Você não tem convicção no minuto seguinte

E sabe que o dia não nascerá pela manhã.

Morreste e em sua lápide não existem frases imemoriais;

Somente o silencio da descrença absoluta e a certeza de que,

No máximo, conseguira ser um espectro de si mesmo.

Roniel Oliveira
Enviado por Roniel Oliveira em 28/10/2006
Código do texto: T276143
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