CEGUEIRA

Abraçar o vento vazio uivando o silêncio de sua voz muda.

Ensurdecer os gritos não ouvidos em dia de festa.

Abrir meus olhos cegos afogados em suas retinas de mar.

Respirar a dor solitária, sangrenta desta moléstia insana.

Arrancar sem piedade este coração cansado de pulsar em vão.

Deixar me arrastar sem rumo nesta vida de cão.

Deitar para sempre no refúgio decorado pela solidão,

pela ilusão

eternas companheiras

de um ser

sem chão.