ÚLTIMO SOPRO


Um último sopro de vida,
De um peito apaixonado,
Dilacerado pelo silêncio,
Hoje dividido em mil pedaços,
Entre todas as estações,
Aquelas que se foram,
E as que estão por vir.
Há flores por toda parte,
Enfeitando a passagem,
Já aberta há alguma tempo.
Mais uma primavera apenas ?
Ou quem sabe uma última,
Gostaria de saber sobre o futuro,
Ser uma vidente ou uma cigana,
E ler nas linhas do meu destino,
O que não soubeste me contar,
Mas infelizmente não pude me tornar..
Resta-me então apenas um desejo,
Destes que parecem ser tão simples,
Apenas um leve e breve beijo,
Aquele que encontrei nas letras do poeta,
O mesmo cujo sabor chegou-me no outono,
E silencioso despediu-se em pleno inverno.
Mas mesmo com tantas flores nesta primavera,
Nesta minha dor, já não sei quem sou,
Rosa ou hortênsia ?
Quem sabe uma margarida qualquer,
Colhida para um jogo de “bem-me-quer”,
Que logo após voltá a terra,
Para germinar e alimentar as que virão.
Embora meu corpo possa estar doente,
Sei que minha alma ainda não,
Então não me vejas como má,
Só não pude compreender sua distância,
Sou sim, ignorante de tuas letras,
E das tuas desculpas sublinhadas.
Não sou cruel e sim realista ao te dizer,
Que o tempo parece não ter tempo de esperar,
Que o verão traga o sol e faça ressurgir,
Um lindo amor que deixaste por temor...escapar.

Sonia  Ferraz - Serei@SP - 24/10/03
Sonia Ferraz
Enviado por Sonia Ferraz em 02/12/2006
Código do texto: T307300
Classificação de conteúdo: seguro