RETRATO RASGADO


Já não posso mais olhar para trás,
É o destino a fazer-me seguir em frente,
Além...muito além dos teus passos.

Da minha sina jamais farei rima,
Tão pouco do amor que sentia,
Pois agora são trapos.

Teus olhos já não tem o mesmo brilho,
Estão recobertos de mentiras e enganos,
E vagam a rastejar por entre os campos.
Em busca de apaixonados olhares.

Tuas dores não rimam com amores,
Tuas angustias são colhidas flores,
Que por tantas ilusões jazem apodrecidas.

Não mais me comovem tuas palavras,
Nem tão pouco a tua linda poesia,
Teu coração é retalho do teu vazio.
Teu corpo é mero reflexo da tua fraqueza.

Teu medo é por si só, tão grande,
Que o silencio suga-lhe o peito,
Tornando qualquer amor insignificante.

Tua presença é hoje passado,
Que nunca esteve ao meu lado,
A tornar-se do retrato, só um pedaço,
Deixado no caminho sozinho e rasgado,
E assim desfigurado à implorar atenção,
Mas por não ter o encanto e os sonhos,
É do peito a boca...a mais pura ilusão.

Sônia Ferraz - Serei@SP

30.10.03
Sonia Ferraz
Enviado por Sonia Ferraz em 06/12/2006
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