AREIA DA PRAIA

Estou farto de juntar idéias tensas,

trancá-las em rimas e formatos

e ver palavras outras, leves,

sem compromissos, omissas, à toa,

soltas ao vento...

Estou cansado de juntar alimento

para todo o ano

e deixar que a primavera e o verão

se percam em mar, sol e flores,

enquanto eu bato prego

e fecho trancas do meu silo.

Estou farto de querer ser voz e razão

e defender ideais,

como o faminto defende um velho pão.

Estou saindo de cena,

fechando pra balanço.

Hoje, estou seco, sem eco.

Estou farto de fome,

de escrever na areia da praia...

cp-araujo@uol.com.br