Vida... Tempo

VIDA... TEMPO

Dê-me um punhado de flores e devolverei somente espinhos;

Dê-me o melhor o melhor de teu sorriso, que o tornarei amargo;

Dê-me teus melhores sonhos e te direi que não passam de utopia;

Dê-me tua loquacidade que o tornarei emudecido;

Dê-me tua jovialidade e devolverei rugas em tua fronte;

Dê-me tua ingenuidade e te farei adquirir malícias;

Dê-me tua liberdade e o farei prisioneiro de si mesmo;

Dê-me toda tua sapiência e o farei sentir-se cruelmente inapto;

Dê-me todo teu vigor e te mostrarei que és fraco;

Dê-me tua beleza e o reflexo do meu espelho te mostrará desfigurado;

Dê-me tua veracidade que o farei o maior dos incrédulos;

Dê-me tua delicadeza e sensibilidade e o tornarei um ouriço;

Dê-me tua musicalidade e lhe arrancarei as cordas vocais;

Dê-me tua visão de futuro e te ofuscarei;

Dê-me provas de sua existência e te farei acreditar que nem chegaste a nascer...

Só não queira dar-me um nome... Não concordarei... Um nome já possuo e dele não abro mão... Chamo-me vida... Tempo

Tânia Cristina de Macêdo Costa

Tania Cristina de Macedo Costa
Enviado por Tania Cristina de Macedo Costa em 14/07/2005
Código do texto: T34355