A FÚRIA DA NATUREZA

Lá fora, ouvem-se os gemidos do vento

Silvando por entre portas e telhados,

Fustigando com a chuva, o seu lamento,

Recordando nesta fúria o sofrimento

De que tantos parecem alheados.

Mas, nesta negra noite de tempestade,

Toda a Terra parece ser fustigada

Pela força combinada dos elementos;

A chuva cai implacável e com vontade,

Fantasmagórica, a penumbra é iluminada

Por mil relâmpagos em tormentos.

Os terrenos cedem perante as águas.

Os riachos são já rios lamacentos,

Transbordando em mares de mágoas,

Dos homens que gritam em prantos aflitos,

Lágrimas que, nascendo no coração,

Irrompem pelo mais fundo da alma

No martírio da impotência, os gritos,

Pedindo a clemência de Deus numa oração,

Em fervor de Fé, que serena e acalma.

E, quando a noite de Inverno morre

No doce despertar da madrugada,

O pesadelo do homem que acorre,

Mostra-lhe que mal acordara,

E que ainda não vira quase nada!...

Como dói ver anos de labor perdidos;

Destruído, tudo aquilo que sonhara;

Que arrepiante tortura para os sentidos!

E lembrar que, em outros locais da Terra,

O duro Homem, de coração insensível,

Parece acompanhar esta dor, impassível,

Como que se não fosse sua esta guerra...

Tal e qual

O faria qualquer animal

Irracional!

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NOTA: Escrevi este texto em 20.01.1991, numa época em que criava textos apenas esporadicamente.

Fiz questão de não alterar ou corrigir nada, para melhor dar a perceber a minha forma de escrever naquela época (criava apenas poemas com rimas), e também porque sinto que nestes 16 anos pouco se alterou no coração daqueles que mandam no Planeta!...