Dedo em riste

Dedos que apontam caminhos

são os mesmos que me apontam.

E as mãos que às vezes me acenam

às vezes me desapontam.

Por isso esse olhar de cisma,

por medo do dedo em riste.

Por isso, esse “Deus me livre!”

E esse sorriso triste.

Ah! dedos cheios de lanças

na mão que me acaricia...

Ah! tantas desconfianças

que parecem profecias...

Ah! eu que perdi as contas

de quantas contas devia.

Por isso esse verso às tontas,

tão pobre e tão sem poesia...

Por isso esse olhar de cisma,

com medo do dedo em riste.

Por isso esse “Deus me livre!”

E esse sorriso triste...

Itapecerica, 16 de maio de 2003