O Fim
Não subirei mais a velha escada de mármore
Apenas descerei uma última vez
Para o nada, para a Terra do Nunca Mais
E não habitarei mais meu quarto
Quarto escuro, úmido e sombrio
Não serei mais uma incógnita
Ou vítima das maledicências
Não especularão mais sobre eu ser nobre ou vagabundo
E os telefonemas tão esperados não me acordarão mais
Pela manhã só haverá o silêncio conciliador
Pois dentro de mim não haverá mais solidão
Não chorarei mais, nunca mais...
E a minha dor não me fará mais uma vítima do desespero
Nem tão pouco prisioneiro da agonia será meu coração
Meus braços não sentirão mais o calor
Calor de corpos que tão pouco abracei
E não serei mais nada, nada mesmo
Se quiserem serei lembranças, se quiserem
Nesse epitáfio em papel eu choro
Pois fui integralmente sentimento
E sempre meu coração bateu apaixonado
As lágrimas, minhas companheiras
Serão agora como gotas de chuva
E os meus erros o húmus para essa terra
Os amigos continuarão suas vidas
E não deixarei lições a serem seguidas
Minh ’alma humilde foi sempre aprendiz
Meu amor não sofrerá mais por mim
E meus irmãos estarão serenos e conformados
Assim o tempo passará em rios de continuidade
E as rotinas corriqueiras estarão eternizadas
Para mim a vida nunca existiu, para mim...
A liberdade não será mais um sonho meu
E nem o amor será a coisa que mais dei importância
O sofrimento dos animais não me afetará mais
E nem os açoites cruéis dos verdugos sobre a carne humana
Assim estarei em cinzas sobre o alto de uma montanha
E como sempre, o mais importante é quem fica...
Sejam felizes...