Para Sempre...

O fato é que nós devemos nos preocupar muito mais com Deus do que com o diabo.

(Dennis Allan)

Nas cinzas do dia,

Na atmosfera sombria das horas;

No frio que venta,

No vento que congela o corpo

De uma alma gélida, sem vida,

O movimento triste das árvores denunciam tua ausência.

Nem mesmo a chuva,

Vinda como lâminas afiadas pelos Céus

É capaz de te trazer...

É apenas uma ladainha

Que só faz reforçar o vazio

E a certeza de uma perda

Que torna pequeno o universo.

Ainda que o som dos teus passos

Ecoem pelas ruas que não te merecem mais,

Que abandonaste,

As calçadas, pobres desprezadas por ti -

Onde a morte veio morar -

Ainda guardam teu perfume

E as marcas de teus outrora singelos pés.

Foste para bem longe,

Para o irretornável.

As estrelas gritam te chamando;

Nas constelações teu nome está escrito,

E brilha numa luz negra de profundo pesar...

A brisa sopra debalde

Por entre casas e edifícios

Sem teus cabelos para brincar,

A rir de tua impaciência

Ao afastá-los da face.

Em teu conforto, agora,

O ar que sopra é um hálito artificial,

Bafo da nova divindade que passaste a cultuar.

Em teu conforto, agora,

Outros passos te conduzem,

Enquanto olhas imune a tudo

A caótica vida amanhecendo.

Em teu conforto, agora,

Tornaste invisível...

As tardes vazias de sábado

Se encheram de pensamentos grotescos,

De visões amargas,

De imaginação desesperadora.

Por que não levaste o sábado contigo?

Por que não o escondeste no poço sem fundo

Onde te meteste?

Ou na aurora de teu desabrochar,

Já que é terra onde ninguém vai?

Por que não levaste os domingos de amargura, todos?

Evitarias supor-te entre copos de bebida,

Risos, lençóis

E o plano que Deus sorrateiramente lançou fora...

Por que passaste como o cometa,

E, diferente deste, não voltarás mais?

Por que o ineditismo de um astro

Que brilhou apenas uma vez

Numa noite que nunca houve,

Sobreposta por um dia que nunca chegou ao fim?

Esse céu, não será mais visto...

Essa disposição de estrelas

Jamais será relatada pelos astrônomos.

Esse tempo não constará nos livros de História

Nem mesmo em tuas lembranças,

Nem nas palavras de ninguém.

E, mesmo assim, tudo é igual como antes...

Na ordem das estações,

A chuva passará.

O pasto secará e aguardará pelo fogo.

Então, o oeste se fará escuro novamente

Desabando em felicitações vazias e mentirosas.

Pensamentos e desejos

São a matéria escura e infinita entre os astros no Cosmo

E a substância que enegrece os neurônios e a existência.

Olhar para aqueles olhos fechados,

É sentir a morte.

Não a própria morte,

Mas a morte de tudo que havia,

Do pouco que se tinha;

Do que se poderia ser, ter e viver.

Olhar para aqueles olhos abertos fitando o nada

É ver-se diante do futuro.

É imaginar para onde foste,

O que fizeram de ti;

O que tua vida mostra e não pode ser visto e absorvido.

Olhar para aqueles olhos abertos fitando o nada

É só o que restou para sentir

Enquanto ouve-se o silêncio

Como resposta para perguntas que não ousarão jamais

Lançar vôo dos lábios.

Lester Cooper
Enviado por Lester Cooper em 23/02/2020
Reeditado em 14/05/2022
Código do texto: T6872462
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.