Feminicídio
Feminicídio
Rita Cruz
Meu nome é Maria.
Como tantas outras Marias invisíveis da vida
Subjugadas e oprimidas.
Casei-me jovem,
Muito jovem
Esperei da vida um casamento feliz
Porém casei-me com um carrasco
Que torturava-me de maneiras vis
Vivi em condições sub-humanas
Eu era um bicho
Um animal de estimação
Ou talvez menos que isso
Eu era o lixo.
Por fora bela e por dentro farrapo da menina que um dia fui.
Era obrigada a ser do lar, recatada, sem voz.
Ou seja, submissa ao meu dono.
Muitas vezes apanhei...
Gritei por socorro!
Os vizinhos fizeram ouvidos surdos.
Eu gritava em vão noite afora.
Noite após noite cruelmente violentada.
Sangrava meu frágil corpo...
Meu agressor quebrou-me os dentes
Perfurou meus tímpanos
Deformou meu lindo rosto.
Fraturou meus ossos
Arrastou-me pelos cabelos e jogou-me ao chão
Com os pés chutava-me.
O medo calou-me.
Hoje estou livre.
Porém já não vivo
Meu corpo jaz num túmulo sombrio.
Fui morta pelo meu marido.
O homem que amei e pensei que cuidaria de mim.
Peco-te Maria.
Maria que sofre abuso como eu sofri.
Não seja covarde como eu.
DENUNCIE!