Tempo e Utopia
era uma menina tão bela
e era toda sentimento
que pouco lhe pude e tive
e já então se partia.
foi-se, não coube
na diagonal deste tempo.
não retive-lhe a fronte esplêndida
em claro mármor cingida.
não lhe sei como Ana
inda até se Maria.
foi-se a moça tão bela
se apresentou noite fria.
foi-se todo o meu cálice
e meu nada, por nada ficou.
foi-se a donzela do tempo
em galope presto
que a golpe de vista
deu-se a notar.
no Pegaso ela rompia
por sobre o oceano mar
musa clara da agonia.
na seda de seu alforge
levou-me a esperança.
do meu coração de criança.
e da minha poesia
debandou-se a utopia.