Tempo e Utopia

era uma menina tão bela

e era toda sentimento

que pouco lhe pude e tive

e já então se partia.

foi-se, não coube

na diagonal deste tempo.

não retive-lhe a fronte esplêndida

em claro mármor cingida.

não lhe sei como Ana

inda até se Maria.

foi-se a moça tão bela

se apresentou noite fria.

foi-se todo o meu cálice

e meu nada, por nada ficou.

foi-se a donzela do tempo

em galope presto

que a golpe de vista

deu-se a notar.

no Pegaso ela rompia

por sobre o oceano mar

musa clara da agonia.

na seda de seu alforge

levou-me a esperança.

do meu coração de criança.

e da minha poesia

debandou-se a utopia.

RicardoSReis
Enviado por RicardoSReis em 20/11/2007
Reeditado em 19/04/2008
Código do texto: T744283