Desdém de mim
Afligias a mim
Quando me tocavas enfim
Nos confins da cor de carmim
Tornava-me refém sem fim
De súbito desfizeste de mim
Magoaste e iludiste assim
Quando disseste inverdades
Fizeste de tu vil covarde
Com tal maldade
Sem a menor piedade
Por fim me entregaste
À dor da saudade
Indefeso jogado a esmo
Tu me tiraste o sossego
Sem poder em mim mesmo
Opor-me ao contexto
Maldisseste sem medo
Nosso miserável enredo
Que tu findaste cedo
No qual lançaste o pejo
De que vale a paixão
Se me devoras então
A alma e o coração
Sem direito a perdão?
E agora? De mim o que será?
Certamente tu te lembrarás
De quem deixaste para trás
Nessa estrada sem paz
Tu que ainda não sabes
De tantos entraves
Ocultos combates
Com bestas vorazes
Em vão vagas tu sem volta
Segues desprovida de escolta
Alheia às velhas trilhas tortas
Por onde erras já morta.