Estranheza

Hoje eu fui te procurar,

queria falar contigo.

Poxa, eu tinha saudades, e queria te ver.

Mas pai, eu voltei "cabreiro".

Te achei na rua, falamos pouco,

e quase não nos olhamos,

foram poucas palavras, não é pai?

Parece que algo nos afasta,

como um abismo entre nós;

E esse encontro casual

nos afastou um pouco mais;

Encontraram-se dois estranhos,

pai e filho não se conheciam.

Eu olhava para tí

tentando ver em tí alguma coisa,

que me desse alguma luz.

Mas não, não ví nada em ti,

e a luz não apareceu.

Eu me ví alí,

parado na rua, conversando com um estranho.

Sabe? Deu vontade de chorar

de gritar e fugir dalí,

fugir daquele momento

que machucava demais;

E meus olhos não acreditavam.

Eles viam a imagem que eu não queria ver,

não queria ver a verdade,

a única verdade entre nós:

Já não havia mais nada

que nos ligasse um ao outro,

que me indicasse tua presença,

a figura de meu pai, que procuro faz tempo.

Coisa engraçada, velho,

quando te achei, te perdi um pouco mais.

E de tanto a gente se perder,

um dia não se acha mais

e esquece um do outro.

helio ahcor
Enviado por helio ahcor em 07/03/2008
Reeditado em 20/08/2008
Código do texto: T891815
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