“O PEREGRINO”.
       
 
 
Na árvore o cantar alegre
De passarinhos tricolores,
Ao lado, eu e meu albergue,
Sem jardim, sem minhas flores.
Remoendo minhas lembranças
Que tão distante dali...
Onde ainda na infância
Esses cantos eu já ouvi;
Mas quem espera alcança
Isso agora eu aprendi.
Desde os tempos de criança
Quando era grande a esperança
Coisas que eu não desisti,
Hoje em fase decadente
Homem maduro e carente
Tão calejado da vida,
Felicidade só em sonho
É quando eu canto risonho,
Mas quando acordo é saudade...
Deito outra vez pra sonhar
Mas já é hora de acordar
Vou pra rua sem destino...
Mas volto sempre pra cá
Pois o albergue é o meu lar
Onde eu me sinto um menino;
E o mundo segue girando
Eu continuo andando
Junto a outros peregrinos.