Pós-Rose...
À Rosilene Pires, com amor...
Quando meu brado era forte,
Conheci o silêncio;
Quando a volúpia mapeava meu riso,
Uma brisa leve tocou-me o espírito;
Quando o mundo era equacionado,
Alegrei-me com o vôo de um bem-te-vi.
- Vi um rosto no espelho e não reconheci.
Quando a noite rangia os dentes,
Meu cobertor foi amigo;
Quando a vitrola cessou seu canto,
Assoviar foi o remédio;
Quando as lágrimas secaram,
Descobri que restava o riso.
- O sangue derramado serviu com tinta.
Quando o poema soou sem sentido,
Conheci o valor do esquecimento;
Quando a morte soprou meu ouvido,
Aprendi um novo passo de bolero;
Quando meus passos soavam cansados,
Sentei-me para conversar com desconhecidos;
Quando tive uma única certeza,
Inebriei-me com uma suposta ignorância.
- Vi minha vida em preto e branco no televisor.
Quando a casa ficou maior,
A velha foto viajou comigo;
Quando a nostalgia apertou o gatilho,
Descobri que envelhecia;
Quando não tinha mais razão para fazê-lo,
Escrevi esta poesia.
- Receba estes versos, sem melancolia.