Pós-Rose...

À Rosilene Pires, com amor...

Quando meu brado era forte,

Conheci o silêncio;

Quando a volúpia mapeava meu riso,

Uma brisa leve tocou-me o espírito;

Quando o mundo era equacionado,

Alegrei-me com o vôo de um bem-te-vi.

- Vi um rosto no espelho e não reconheci.

Quando a noite rangia os dentes,

Meu cobertor foi amigo;

Quando a vitrola cessou seu canto,

Assoviar foi o remédio;

Quando as lágrimas secaram,

Descobri que restava o riso.

- O sangue derramado serviu com tinta.

Quando o poema soou sem sentido,

Conheci o valor do esquecimento;

Quando a morte soprou meu ouvido,

Aprendi um novo passo de bolero;

Quando meus passos soavam cansados,

Sentei-me para conversar com desconhecidos;

Quando tive uma única certeza,

Inebriei-me com uma suposta ignorância.

- Vi minha vida em preto e branco no televisor.

Quando a casa ficou maior,

A velha foto viajou comigo;

Quando a nostalgia apertou o gatilho,

Descobri que envelhecia;

Quando não tinha mais razão para fazê-lo,

Escrevi esta poesia.

- Receba estes versos, sem melancolia.

Roniel Oliveira
Enviado por Roniel Oliveira em 16/09/2009
Código do texto: T1814472
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