POEMA DA PÁGINA EM BRANCO
Olho desolado o papel em branco,
Sem nada para ver,
Sem nada para sentir…
É duro querer escrever
E a palavra recusar-se a sair!...
Em abono da verdade
Até a caneta parece estar sem vontade
De acorrer ao apelo do papel.
O cérebro não está cá
E todos os meus sentidos
Estão como que entorpecidos.
A boca áspera sabe a fel
E as pernas estão dormentes,
De tanto esperarem nada.
Hoje até a música me deixa indiferente
Nesta tarde gentia,
Danada
E fria!
Nestes dias assim
- Em que não consigo dar
O melhor de mim -
Prefiro não teimar
Desistindo antes de começar.
Coloco de lado o papel,
Pois até o poeta
Tem os seus dias em branco
E, tal como se fosse um atleta,
Sofre duro na pele
As angústias do desencanto.
Vai descansar,
Gloriosa página em branco!...
Amanhã, o persistente poeta,
Voltará com a sua caneta
Para te pintar!
17.01.2007, Henricabílio
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Nota: Nunca tenho falta de inspiração. É apenas um texto recreando essa possibilidade, que aliás certamente muitos autores atormentará.